Confiança é que nem cristal?

Ih, acho que deixei cair no chão, foi mal!

“O anel que tu me deste era vidro e se quebrou. O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou”*

Quando amamos, se não tivemos muitas decepções pelo caminho, abrimos nosso coração. Estamos entregues. É a situação mais vulnerável que existe e, por ironia, a mais feliz. Isso vale em todos os relacionamentos da nossa vida, desde pais e filhos, sócios, até nós com os nossos xuxus.

O que acontece quando decidimos ter algum tipo de relação com alguém? Criamos regras. E, pra nossa tranqüilidade, esperamos que o outro siga essas regras ao pé da letra. Digamos que as regras sejam o anel de vidro que damos e recebemos quando decidimos nos relacionar. Um anel de valor imensurável (afinal, quanto custa a confiança?).

Pois é um anel frágil!

O ponto é que, quando amamos, fazemos questão de cuidar desse anel. Levamos com cuidado e atenção. É quase automático, você está muito feliz porque essa pessoa confia em ti a ponto de entregá-lo! Então, cuidar dele é um prazer, quase natural!

Mas o tempo passa... Aos poucos a presença daquele anel é tão garantida e, portanto comum, que decidimos colocá-lo no bolso de trás. Ele perdeu um pouco o valor que tinha antes...

A partir daí, se a pessoa não perceber que outras coisas podem perder o valor, mas que o anel, a confiança, é insubstituível, é provável que se descuide e o deixe se quebrar no chão.

A moral da história:

O amor, por uma infinidade de razões, pode acabar. O relacionamento pode perder o tempero de vez, as pessoas podem mudar de idéia, imprevistos surgirem... Tudo isso pode acontecer e mudar os planos iniciais, mas a confiança não pode ser traída.

Se você, em algum aspecto deixou de se comprometer com a pessoa, é provável que resolva fazer diferente do combinado, sem falar pra ela, com a intenção de que não seja magoada, certo?

ERRADO!

Todos temos o direito de entrar em um relacionamento achando que vai ser pra sempre. E todos temos o direito de mudar de idéia. Portanto não é censurável admitir que as coisas em que se acreditava no começo já não significam mais como antes. Se as regras que foram estabelecidas quando vocês começaram já não se aplicam mais, conversem. Seja corajosa (o) o bastante pra dizer o que pensa. Tais no teu direito! E essa questão não envolve só a traição (seu xuxu com outra), até porque cada relacionamento tem sua definição de traição, mas a confiança como um todo.

O problema é achar que pode deixar o anel cair e vir dizendo: ”Me desculpe, me distrai, te amo”.

Não ama não. Se amasse teria cuidado direito da droga do anel.

A frase lá de cima esta muito certa. Amor e confiança estão completamente interligados. Só vai trair a confiança quem deixou de amar como antes. Que já traiu a confiança de alguém, reflita: amava da mesma forma? Pode até amar na mesma intensidade, mas de uma maneira diferente (por exemplo, de amor de relacionamento passou para amor fraterno).

É por isso que eu bato na tecla: SINCERIDADE. Tem que haver liberdade entre os dois pra serem do jeito que são. Se uma parte fica escondida, mais cedo ou mais tarde isso vai se tornar o problema da relação.

Ah, mas os homens são assim mesmo. Peraí, o que foi combinado entre os dois? Se ele não gostou do “acordo” do início, deveria ter falado: “Olha amor, te amo, mas não serei feliz se não experiênciar tais e tais coisas.” Talvez ela aceite (e saiba que então tem os mesmos direitos) ou não. E aí partiria pra outra até encontrar alguém que tenha idéias parecidas.

Utopia minha? Provavelmente... Hoje são raros os casais que conseguem tirar aquelas máscaras lindas do começo do namoro e assumirem as fraquezas. Mas isso poderia mudar se começássemos a exigir sinceridade nas nossas relações, começando por nós mesmas.

É o medo de perder o amor que faz a gente esconder as vontades e as verdades. Mas é escondendo que o perdemos, além de machucar ainda mais pela decepção e perda de confiança.

Sempre falam que quem fez uma, faz duas. Isso pode ser bem verdade. E agora? Você acha que vale a pena dar uma segunda chance a quem foi tão descuidado com seu anel?

Minha resposta é não. Se me perguntarem, “as pessoas mudam com os erros?”, minha resposta também é não. Racionalmente. Mas o coração lá por acaso sabe o que é isso?

Então damos segundas chances. Remendado com superbonder, entregamos cautelosas, de novo. Dá de ver as marcas no seu anelzinho e você sofre toda vez que lembra. Principalmente porque o dele estava bem cuidado, perfeito, sem arranhões (talvez com um ou dois) e inteiro. E o pior, a dúvida de saber se ele vai cuidar melhor dessa vez vai estar sempre rondando...

É muito complicado. E sofrido, dolorido demais.

Então não brinquem de passa-anel com a confiança dos outros. Existem outras formas de viver a vida plenamente do que arriscar a decepcionar quem amamos! Magoe com a sinceridade agora, mas mantenha seu caráter e integridade intactos, pra preservar os sentimentos que uniram vocês.

Beijos!
Xu

* trecho de uma cantiga infantil